O governador Jerônimo Rodrigues, do Partido dos Trabalhadores (PT), adotou uma postura mais firme ao falar sobre segurança pública na Bahia. Em entrevista exclusiva ao Grupo A TARDE, ele foi categórico ao afirmar que não será “pacífico” com o crime organizado, defendendo a frase que se tornou marca de sua gestão: “Bandido bom é bandido preso”. No entanto, o governador fez questão de ressaltar que essa firmeza não significa que o Estado deva agir com barbárie ou violência policial.
Jerônimo Rodrigues explicou que o papel do Estado é garantir segurança à população, mostrando força e prendendo os criminosos para que respondam à Justiça. “Eu tenho dito a frase de que bandido bom é bandido preso, pagar a sua pena depois de julgado. Mas, não que seja um Estado matador. O Estado não pode se igualar ao crime, de forma nenhuma”, declarou o governador, sublinhando seu compromisso com a legalidade e a ordem.
Governador critica partidarização do tema
O chefe do Executivo baiano aproveitou a oportunidade para criticar a oposição, que, segundo ele, tem usado o tema da segurança pública para tentar ganhar visibilidade política. Para Jerônimo, a segurança é uma questão de governo e de Estado, e não deve ser associada a nenhum partido.
"O tema da segurança pública não pode ser partidarizado, não é de esquerda ou de direita. Eu acho que o que deve ser feito no campo da oposição é a crítica, se tem pouco orçamento, se a forma está sendo equivocada. No mérito, temos que ouvir quando é preciso fazer as críticas. Mas não, por exemplo, como é feito na Bahia, que se destampa uma caixa fazendo até uma agressão com o povo baiano, como se a Bahia fosse um estado violento ou agressivo. Outro pilar desse debate é se é da esquerda ou da direita, se é de partido A, B ou C", afirmou Jerônimo.
Investimentos e reforço nas forças de segurança
O governador detalhou as ações e investimentos que estão sendo realizados para combater o crime organizado na Bahia. Ele destacou o compromisso de aplicar orçamento e garantir mais concursos públicos para fortalecer as forças de segurança do estado. “O papel meu enquanto governador é botar orçamento e investimentos, é garantir que sejam feitos mais concursos”, enfatizou.
- Quase 2 mil policiais militares já foram entregues, e mais 2 mil devem ser incorporados até maio ou junho de 2024.
- Haverá reforço para a Polícia Civil, Bombeiros, Departamentos de Polícia Técnica (DPTs) e sistema prisional.
- O estado está comprando armas mais potentes que as usadas pelo crime organizado.
- O programa de governo prevê a implantação e ampliação de câmeras corporais para policiais, com expansão prevista para 2026.
Como parte do reforço, o governador Jerônimo Rodrigues autorizou em novembro um concurso para a Polícia Civil da Bahia. Serão 750 novas vagas, distribuídas da seguinte forma: 500 para investigadores, 150 para escrivães e 100 para delegados. As datas para inscrições e lançamento do edital ainda não foram definidas, dependendo do rito processual e da contratação da banca examinadora.
Câmeras corporais e diálogo com o Ministério Público
Sobre o uso de câmeras corporais pelos policiais militares, um tema de debate frequente, Jerônimo esclareceu que a medida é vista como uma proteção para o próprio profissional da segurança pública. “Ele vai ter os argumentos para se defender quando for preciso. Como servidor público, temos a obrigação de ser transparente”, disse o governador.
Ele também abordou a recomendação expedida pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) em outubro, que apontava a necessidade de correções no uso desses equipamentos. Jerônimo solicitou ao secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, que avalie as contribuições do MP-BA para aperfeiçoar o sistema, reconhecendo que é uma “cultura nova” que exige adaptação e melhoria contínua.
O MP-BA, após fiscalizar todas as etapas do programa – desde a aquisição e distribuição até o uso, armazenamento e compartilhamento de imagens – em unidades da Polícia Militar, Polícia Civil e DPT, constatou a subutilização dos equipamentos e a ausência de controle sobre a forma de uso das câmeras. O diálogo busca, portanto, garantir a eficácia, a transparência e a correta aplicação da tecnologia.

