Pela primeira vez na longa e muitas vezes conturbada história do Brasil, pessoas acusadas de tentar derrubar a democracia foram julgadas e condenadas. É um marco para o país, que sempre conviveu com a sombra dos golpes de Estado sem que os responsáveis fossem punidos.
A história brasileira é recheada de momentos de instabilidade política. Desde a "Noite de Agonia", em 1823, passando pela Proclamação da República, em 1889, até o golpe de 1º de abril de 1964, foram nove tentativas de mudança forçada de poder. O que torna este momento tão importante é que, pela primeira vez, a justiça brasileira agiu e sentenciou 29 pessoas que tentaram acabar com o Estado Democrático de Direito.
O processo foi levado muito a sério, garantindo o direito de se defender para todos os 31 acusados. Dois deles foram absolvidos, porque não havia provas suficientes contra eles, o que mostra o rigor do Judiciário. O profissionalismo da Polícia Federal e dos magistrados foi essencial para que o Brasil desse um exemplo global de democracia forte e atuante.
Um exemplo para o mundo: a justiça prevalece
É importante lembrar quanta dor e sofrimento foram causados por golpes anteriores no Brasil. Pessoas foram sequestradas, torturadas e até mortas em situações terríveis. Por isso, a ação da justiça agora é uma "medalha de ouro" para o país, que finalmente confronta seu passado de impunidade.
Não é surpresa que o Supremo Tribunal Federal (STF) receba muitas críticas de quem ainda apoia os golpistas e de admiradores de Brilhante Ustra, uma figura que simboliza o que há de mais sombrio na história do Brasil. O líder dessa trama golpista, que, segundo o texto base, é um "mau militar" – nas palavras do próprio ditador Ernesto Geisel, que não o tolerava –, recebeu a maior pena e hoje pede tratamento de saúde. Ele terá esse direito, se a corte decidir, algo que certamente seria negado a opositores caso o décimo golpe tivesse sido bem-sucedido.
"Nem Ernesto Geisel o tolerava, bem como expoentes ancestrais da direita, como Antonio Carlos Magalhães, de quem já partira o alerta para o risco de manter ativo na política a sombria figura – e estava certo, constatado o dano causado, quase, quase consumada a derrubada da ordem democrática."
A justiça agora busca fechar mais capítulos dessa trama. Ainda falta o julgamento do quinto grupo de envolvidos, que inclui "Paulinho", neto do último ditador, João Batista Figueiredo. Esse é um passo crucial para que o Brasil continue a fortalecer suas instituições e garantir que a democracia seja respeitada e protegida.
Essa série de condenações envia uma mensagem clara: em uma democracia, ninguém está acima da lei, e as tentativas de desestabilizar o país terão consequências. O Judiciário brasileiro, ao agir com firmeza e dentro da lei, consolida a posição do Brasil como uma nação que valoriza e defende seu Estado Democrático de Direito.

