A decisão do governo dos Estados Unidos de manter tarifas de 40% sobre o café gerou descontentamento entre exportadores brasileiros. A medida, que exclui produtos como o café da eliminação das tarifas de 10% sobre várias mercadorias agrícolas, preocupa os produtores, que temem perder espaço no mercado americano para países como Colômbia e Vietnã.
De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais, entre agosto e outubro deste ano, as exportações de cafés especiais do Brasil para os EUA caíram 55% em relação ao mesmo período de 2022, passando de 412 mil para 190 mil sacas de 60 kg. Os produtores solicitam que o governo brasileiro intensifique as negociações com Washington para remover completamente as barreiras comerciais.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que, apesar da remoção da tarifa global para 80 produtos agrícolas que beneficiará as exportações brasileiras, itens como carne bovina e café não torrado ainda enfrentarão a elevada taxa de 40% para entrar nos Estados Unidos. Isso ocorre em um contexto em que a retração nas vendas de carne bovina já gerou prejuízos significativos ao setor, estimados em US$ 700 milhões devido a tarifas adicionais aplicadas em agosto.
A situação do café é particularmente crítica, considerando que as tarifas e a perda de participação no mercado americano podem prejudicar a consolidação do sabor do produto nacional entre os consumidores. O cenário é agravado pela concorrência com países produtores que já estão se posicionando no mercado americano.
Apesar dos desafios enfrentados, a receita acumulada de janeiro a outubro com as exportações para os EUA teve um crescimento de 40,4%, atingindo US$ 1,79 bilhão, impulsionada pela demanda de outros mercados, como a China. O setor de suco de laranja, por outro lado, se beneficiou de uma isenção parcial das tarifas, mas ainda enfrenta pressão competitiva devido à tarifa histórica.
Os exportadores de café reafirmam a necessidade urgente de negociação para garantir que as barreiras tarifárias sejam removidas, visando restaurar o fluxo normal de comércio e preservar a posição do Brasil como um dos principais fornecedores de café especial no mercado global.

