O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta segunda-feira (29) que as forças americanas atacaram e destruíram uma área de carregamento de supostas embarcações de transporte de drogas na Venezuela. A ação marca um possível primeiro ataque em terra da campanha militar dos EUA contra o narcotráfico na América Latina.
A revelação foi feita por Trump enquanto ele recebia o primeiro-ministro israelense no complexo de Mar-a-Lago. O presidente americano detalhou a operação com uma forte declaração, afirmando que o alvo era uma área crucial para o tráfico.
“Houve uma grande explosão na área do cais onde carregam as embarcações com drogas. Atacamos todas as embarcações, e agora atacamos a área, é a área de implementação [...] e já não existe mais”, disse Trump.
Trump, no entanto, não deu detalhes sobre a natureza da operação, deixando incerto se foi conduzida por militares ou pela agência central de inteligência (CIA). Também não informou o local exato do ataque, mencionando apenas que ocorreu “ao longo da costa” venezuelana.
Este anúncio surge em meio a uma intensificação da pressão de Washington sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Os Estados Unidos acusam Maduro de liderar o que chamam de “Cartel de los Soles”, uma organização supostamente envolvida no tráfico de drogas. Trump ainda comentou que conversou “bem recentemente” com Maduro por telefone, mas que o diálogo “não havia resultado em grande coisa”.
Contexto da Campanha Antidrogas e tensões com a Venezuela
A declaração de Trump sobre o ataque na Venezuela não é a primeira vez que ele sugere uma ofensiva contra o narcotráfico na região. Na última sexta-feira (26), em uma entrevista de rádio na emissora WABC de Nova York, o presidente já havia feito menção a uma operação semelhante.
“Eles têm uma grande fábrica, ou uma grande instalação, de onde enviam, você sabe, de onde vêm os barcos. Há duas noites, nós a fizemos voar pelos ares. Nós os atingimos com muita força”, disse Trump na ocasião, sem especificar o local.
Desde setembro, as forças americanas já realizaram vários ataques a supostas embarcações de traficantes de drogas no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental. Essas operações resultaram em mais de 100 mortos, gerando acusações de execuções extrajudiciais por parte de organizações de defesa dos direitos humanos, algo que Washington nega veementemente.
Paralelamente à campanha antidrogas, o governo Trump também impôs um bloqueio a petroleiros sancionados por Washington que tentam entrar ou sair da Venezuela, resultando na apreensão de dois navios. Os Estados Unidos acusam Caracas de usar a venda de petróleo para financiar “o narcoterrorismo, o tráfico de pessoas, os assassinatos e os sequestros”.
Por sua vez, o governo da Venezuela nega qualquer envolvimento com o tráfico de drogas. Caracas afirma que Washington deseja derrubar o presidente Nicolás Maduro para tomar o controle das vastas reservas de petróleo venezuelanas, consideradas as maiores do planeta. Até o momento, o governo venezuelano não se pronunciou oficialmente sobre o ataque confirmado por Trump, e o Pentágono direcionou as perguntas à Casa Branca, que não respondeu aos contatos da imprensa.

