Política

Silvinei Vasques é preso no Paraguai; entenda seu papel nas eleições de 2022

Ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, foi preso no Paraguai. Ele foi condenado por usar a corporação em favor de Bolsonaro nas eleições de 2022 e por trama golpista.
Por Redação
Silvinei Vasques é preso no Paraguai; entenda seu papel nas eleições de 2022

Silvinei Vasques faz parte do "núcleo 2" do inquérito do golpe -

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O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso nesta sexta-feira (26) no Paraguai. A captura aconteceu quando ele tentava embarcar em um voo com destino a El Salvador, conforme informou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. A prisão de Vasques marca um novo capítulo em uma série de decisões judiciais que consolidam o entendimento de que ele usou seu alto cargo na PRF para interferir politicamente nas eleições de 2022 e em uma tentativa de golpe de Estado.

A Prisão no Paraguai e a Fuga Frustrada

Silvinei Vasques, figura central em investigações sobre atuação política indevida, foi detido no país vizinho enquanto se preparava para deixar o continente. A Polícia Federal brasileira estava monitorando seus passos. Sua prisão ocorre em um momento em que ele já enfrentava pesadas condenações da Justiça brasileira, aguardando recursos em liberdade sob medidas cautelares até esta tentativa de fuga.

O Que Silvinei Vasques Fez nas Eleições de 2022?

As ações de Silvinei Vasques durante as eleições de 2022, quando ocupava o cargo máximo da PRF, são o cerne de suas condenações. A Justiça o considerou culpado por duas frentes principais: improbidade administrativa e participação em uma trama golpista.

Uso Indevido da Estrutura Pública

Pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), Vasques foi condenado por improbidade administrativa. O tribunal entendeu que ele criou uma "confusão intencional" entre sua função pública e suas preferências políticas, usando a força e os símbolos da PRF para fins eleitorais em favor do então presidente Jair Bolsonaro. Entre as provas que levaram a essa decisão, estão:

  • Propaganda com uniforme: Ele publicou em redes sociais fotos usando a farda e as insígnias da PRF para manifestar apoio à candidatura de Bolsonaro.
  • Gestos políticos: Entregou uma camisa com o número "22" para o ministro da Justiça da época, Anderson Torres, pouco antes do segundo turno das eleições.
  • Pedidos de voto explícitos: Participou de eventos oficiais onde fez manifestações claras de apoio eleitoral.

Por essas condutas, ele foi obrigado a pagar uma multa de R$ 546,6 mil e está proibido de fazer contratos com o poder público por quatro anos.

Participação em Trama Golpista

O caso mais grave contra Silvinei Vasques foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ali, ele recebeu uma pena de 24 anos e seis meses de prisão em regime fechado. O STF o identificou como uma "peça-chave" dentro do "núcleo operacional" de um grupo que queria mudar o resultado das urnas.

A Corte máxima do país concluiu que Vasques deu ordens para que a PRF realizasse operações no dia do segundo turno das eleições, focando de forma desproporcional na região Nordeste. O objetivo era claro: dificultar a movimentação de eleitores e, assim, tentar interferir no resultado do pleito. Além da cadeia, ele teve seus direitos políticos suspensos e deve ajudar a pagar uma indenização coletiva de R$ 30 milhões.

Da Carreira na PRF à Queda

Nascido em Ivaiporã, no Paraná, Silvinei Vasques construiu uma carreira de 27 anos na PRF. Após o fim das eleições de 2022, ele se aposentou voluntariamente, recebendo salário integral. Chegou a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico na cidade de São José, em Santa Catarina, mas pediu para sair do cargo devido ao cerco judicial.

Ele já tinha cumprido prisão preventiva em 2023, mas estava esperando os recursos de suas condenações em liberdade. A tentativa de fuga desta sexta-feira (26) mostra o agravamento da sua situação judicial e o fim de sua liberdade provisória.