Polícia

PF encontra documentos que apontam para escutas ilegais de Moro

Operação da PF em Curitiba descobre documentos que sugerem que o ex-juiz Sergio Moro teria ordenado escutas clandestinas de autoridades usando um delator, dizem fontes.
Por Redação
PF encontra documentos que apontam para escutas ilegais de Moro

Moro teria ordenado repetição de gravações por considerá-las "insatisfatórias" -

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Uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) na 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, revelou documentos que podem mudar o cenário político e jurídico do país. As provas apontam para a prática de escutas ilegais, que teriam sido conduzidas pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje senador.

A ação da PF foi autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os registros indicam que Moro teria usado o empresário Tony Garcia, que era delator na época, para gravar secretamente autoridades com foro privilegiado. Entre as figuras monitoradas estariam desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e o então presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), Heinz Herwig.

A gravidade da situação se dá porque essas gravações, se confirmadas como ordenadas por Moro, teriam ocorrido sem a necessária autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A lei exige essa permissão específica para qualquer tipo de interceptação envolvendo pessoas com foro privilegiado, garantindo a legalidade e a proteção dos direitos dos investigados.

Detalhes chocantes nos arquivos

Os documentos encontrados, que incluem despachos de 2004 e 2005, estavam escondidos em gavetas da vara judicial. Eles sugerem que Sergio Moro teria ordenado a repetição das gravações por considerá-las “insatisfatórias”, o que levanta sérias questões sobre a intenção por trás das escutas.

Ainda mais alarmante, os registros não se limitavam apenas a informações de cunho político. A PF também encontrou indícios de que as gravações capturaram situações íntimas de alguns magistrados, o que representa uma invasão grave de privacidade e um desvio claro dos propósitos de uma investigação legal.

O empresário Tony Garcia confirmou sua participação, afirmando que atuou como um agente infiltrado sob ordens diretas de Moro. Ele contou que sua missão era coletar informações contra importantes figuras políticas e operadores financeiros, evidenciando um esquema complexo de monitoramento.

A defesa de Sergio Moro

Diante das acusações, Sergio Moro se manifestou por meio de uma nota oficial. Ele classificou os relatos como “fantasiosos”, negando veementemente qualquer irregularidade em suas ações. A defesa do ex-juiz e senador deve argumentar contra a validade das provas e as declarações de Tony Garcia.

Este caso reacende a discussão sobre os limites das investigações e a importância de seguir os ritos legais, especialmente quando se trata de autoridades. A Constituição e as leis brasileiras são claras ao exigir autorização judicial para interceptações, visando proteger a liberdade e a intimidade dos cidadãos contra possíveis abusos de poder.

A Polícia Federal continuará analisando todos os documentos, e o desenrolar dessa investigação promete novos capítulos e desdobramentos importantes para a justiça e a política do Brasil.