O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou mais de 20 pessoas suspeitas de fazer parte da maior rede de tráfico de animais silvestres do Brasil. A acusação inclui Weber Sena de Oliveira, conhecido como Paulista, que é considerado o líder do esquema e foi preso em flagrante há dois meses, na cidade de Mascote, no extremo sul da Bahia.
A prisão de Paulista ocorreu no dia 5 de setembro, durante a Operação Fauna Protegida, enquanto ele transportava ilegalmente 135 pássaros. O MP-BA acusa o grupo de envolvimento em uma série de crimes, como tráfico de animais silvestres, incluindo espécies ameaçadas, lavagem de dinheiro, receptação qualificada e maus-tratos a animais. As investigações indicam que a organização atuava há mais de 20 anos, com atuação marcante na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de conexões no Espírito Santo.
Entre os envolvidos, foram identificados 14 fornecedores, cinco receptadores e três transportadores, além de uma operadora financeira. A companheira de Paulista, Ivonice Silva e Silva, é apontada como responsável pela movimentação financeira da organização, que movimentou quase R$ 500 mil em contas ligadas a ela em apenas seis meses. As receitas eram obtidas a partir de clientes que encomendaram até mil pássaros por vez.
Os pássaros eram capturados com armadilhas e redes que permitiam a captura de até 500 aves em um único dia. Espécies como papa-capim, trinca-ferro e canário eram frequentemente traficadas, com alguns exemplares alcançando o valor de R$ 80 mil. Durante o armazenamento, os animais eram mantidos em condições precárias e sem alimentação adequada, até que Paulista organizasse o transporte dos mesmos para Salvador e para o Rio de Janeiro.
Até o momento, cinco denúncias já foram apresentadas à Justiça. Durante as fases mais recentes da operação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, 17 mandados de busca e apreensão, além de três prisões em flagrante. O MP-BA afirma que, com as denúncias, o grupo está formalmente responsabilizado criminalmente.