O espírito natalino em Madre de Deus, na Bahia, chegou misturado com uma boa dose de debate político. A cidade, na Região Metropolitana de Salvador, se vê no centro de uma discussão acalorada por conta do investimento de aproximadamente R$ 500 mil em ornamentação de Natal feita pela prefeitura. A polêmica ganhou força após o ex-vereador Jibson Coutinho usar as redes sociais para denunciar o que ele considera um gasto excessivo e fora das prioridades da população.
De acordo com o contrato, que está sob a alçada da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, o valor milionário serve para instalar, manter e depois retirar dezenas de estruturas luminosas que prometem embelezar a cidade. A decoração, que pode ficar montada até o dia 10 de janeiro, inclui túneis de luz, caixas de presente gigantes, árvores de Natal enfeitadas e peças brilhantes em postes, além de iluminar mais de 200 árvores em bairros importantes como Centro, Massagueira e Taperaguá. O contrato prevê a vigência até fevereiro de 2026, indicando um planejamento de longo prazo para as festividades.
Custo da Luz e Prioridades da Cidade
Jibson Coutinho, um dos principais críticos da gestão do prefeito Dailton Filho (PSB), não mediu palavras ao classificar o investimento como "desproporcional" à realidade financeira e social dos moradores de Madre de Deus. Para o ex-vereador, a prefeitura estaria "menosprezando a inteligência da população" ao focar tanto na estética urbana enquanto setores que ele considera essenciais, como saúde e infraestrutura, estariam carentes de atenção e recursos básicos.
"É um investimento de quase meio milhão de reais em um momento sensível. A população não precisa apenas de luzes, precisa de serviços públicos que funcionem o ano inteiro", argumentou o ex-vereador, destacando a necessidade de um equilíbrio nas contas públicas.
Essa denúncia reacende um debate frequente na administração pública sobre onde investir o dinheiro dos impostos. De um lado, quem critica a prefeitura diz que R$ 500 mil é uma quantia muito grande, que poderia ser usada para, por exemplo, custear exames médicos, comprar medicamentos para os postos de saúde ou fazer melhorias urgentes nas escolas da cidade. Para alguns moradores, a ornamentação, embora bonita, acaba sendo uma "maquiagem urbana" que esconde problemas mais profundos.
Por outro lado, os defensores da atual gestão municipal costumam apontar que o Natal vai além da simples festa. Eles veem a decoração como uma estratégia importante para impulsionar a economia local, atrair turistas e, consequentemente, gerar mais empregos e renda para os comerciantes e microempreendedores da cidade. Além disso, existe o argumento técnico de que os recursos das pastas de Cultura ou Turismo são "carimbados", o que significa que eles têm uma destinação específica e não podem ser simplesmente transferidos para outras áreas, como saúde ou infraestrutura.
O ponto central da polêmica, segundo Coutinho e parte da comunidade, não é ter ou não ter Natal, mas sim a quantidade do gasto e a oportunidade desse investimento. A reportagem do ChicoSabeTudo procurou a Prefeitura de Madre de Deus para obter um posicionamento sobre as críticas e os valores, mas até o momento não recebeu resposta.

