A comunidade do Candomblé e o Brasil se despediram de uma de suas figuras mais importantes. A Ialorixá Mãe Carmen de Oxalá, conhecida carinhosamente como Mãe Carmen do Gantois, morreu na última sexta-feira, 26 de dezembro de 2025, aos 98 anos. O presidente Lula (PT) e a primeira-dama Janja da Silva expressaram seu profundo pesar pela partida da líder religiosa, que completaria 99 anos na próxima segunda-feira.
Mãe Carmen era filha da lendária Mãe Menininha do Gantois e por mais de duas décadas liderou o Ilé Ìyá Omi Àse Ìyamase, o famoso Terreiro do Gantois, em Salvador, na Bahia. Sua liderança foi marcada pelo amor e pela dedicação à preservação das raízes africanas no país.
“Eu e Janja ficamos profundamente tristes com a partida da querida Mãe Carmen de Oxaguian, que liderou com muito amor, por mais de vinte anos, um dos mais importantes terreiros de candomblé do Brasil, o Ilé Ìyá Omi Àse Ìyamase, conhecido em prosa e verso como o Terreiro do Gantois”, escreveu o petista em sua mensagem de pesar.
O presidente Lula destacou a importância de Mãe Carmen em manter viva a tradição ancestral, um compromisso que, segundo ele, foi passado por Mãe Menininha e outras matriarcas. “Em sua passagem por este nosso mundo, Mãe Carmen cultivou a tradição ancestral que Mãe Menininha e tantas outras matriarcas de grande valor lhe transmitiram na forma de um compromisso sagrado: manter acesa a chama da espiritualidade africana que fez uma nova casa no Brasil e permeou a cultura e o coração dos brasileiros”, afirmou Lula, sublinhando o impacto cultural e espiritual da Ialorixá.
Um legado de paz e diálogo
Mãe Carmen do Gantois era reconhecida não apenas por sua fé, mas também por sua postura acolhedora e diplomática. Lula fez questão de mencionar essa característica em sua homenagem, ressaltando os ensinamentos que ela deixou para todos.
“Que os ensinamentos de paz e de diálogo de Mãe Carmen sigam sempre entre nós. E que seus familiares e toda a comunidade do Gantois recebam em seus corações um carinhoso abraço meu e de Janja”, concluiu o presidente.
A Ialorixá estava internada há duas semanas no Hospital Português, localizado na Barra, em Salvador, e morreu devido a complicações de uma gripe forte. Sua partida encerra um ciclo histórico para o Terreiro do Gantois e para o Candomblé. Contudo, seu legado de fé, resistência e a memória de sua importância espiritual e cultural seguirão vivos, marcando gerações em Salvador, na Bahia, no Brasil e pelo mundo.

