Política

Lula confia em acordo UE-Mercosul para janeiro mesmo com oposição da França

Presidente Lula garante que o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul será assinado em janeiro, superando oposições e atrasos internos da UE.
Por Redação
Lula confia em acordo UE-Mercosul para janeiro mesmo com oposição da França

Presidente lamentou adiamento e disse que assinatura deve ocorrer em janeiro -

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O aguardado acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que inclui Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai, teve sua assinatura adiada. Originalmente, a formalização do tratado estava prevista para o último sábado, dia 20. Agora, a expectativa é que o acordo seja finalmente assinado em janeiro do próximo ano, segundo informações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula deu a notícia durante seu discurso na abertura da Cúpula do Mercosul, que aconteceu em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele explicou que líderes europeus pediram mais tempo para discutir pontos relacionados à proteção agrícola, o que motivou o adiamento. "Tínhamos em nossas mãos a oportunidade de transmitir ao mundo mensagem importante em defesa do multilateralismo e de fortalecer nossa posição estratégica em um cenário global cada vez mais competitivo. Mas, infelizmente, a Europa ainda não se decidiu", disse o presidente.

Apesar do contratempo, Lula se mostrou confiante. Ele revelou ter recebido cartas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Conselho Europeu, António Costa, ambos manifestando a esperança de ver o acordo aprovado já em janeiro. Segundo o presidente brasileiro, os dois líderes europeus inclusive haviam solicitado que a Cúpula do Mercosul fosse realizada no sábado justamente para a assinatura.

A oposição da França ao acordo comercial é um fator conhecido, principalmente por temer perdas de competitividade para seu setor agrícola. No entanto, Lula fez questão de esclarecer que o adiamento não se deu por conta da França. O verdadeiro motivo, de acordo com o presidente, foi um problema interno do governo da Itália, ligado à distribuição de verbas para a agricultura dentro da própria União Europeia.

Lula contou que conversou por telefone com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. A líder italiana teria garantido que seu país estará pronto para assinar no início de janeiro. Essa conversa reforçou a convicção de Lula de que o acordo vai seguir adiante.

"Eu tive uma conversa por telefone com ela [Giorgia Meloni]. Ela disse textualmente que no começo de janeiro ela estará pronta para assinar. Se ela estiver pronta para assinar e faltar só a França, segundo a Ursula von der Leyen e o Antonio Costa, não haverá possibilidade de a França, sozinha, não permitir o acordo. O acordo será firmado e eu espero que seja assinado, quem sabe, no primeiro mês da presidência do Paraguai, pelo companheiro Santiago Peña."

A Cúpula de Foz do Iguaçu também marcou o fim da presidência brasileira no bloco do Mercosul. O Paraguai assumirá a liderança nos próximos seis meses, com seu presidente Santiago Peña podendo ser o anfitrião da tão esperada assinatura.

Com os líderes europeus e italianos comprometidos, e a visão de Lula de que a França sozinha não impedirá o avanço, a expectativa é grande para que o acordo entre a União Europeia e o Mercosul finalmente se concretize em janeiro, abrindo novas portas para o comércio e a diplomacia.