Usuários de aplicativos de relacionamento voltados ao público LGBTQIAPN+ foram surpreendidos pela remoção do Blued e do Finka das lojas virtuais. Segundo a Apple, a medida ocorreu na última terça-feira, 11, após uma ordem das autoridades chinesas, que solicitaram a exclusão dos aplicativos de sua loja. Um porta-voz da Apple esclareceu que a empresa respeita as leis dos países onde opera, e a remoção atendeu a uma solicitação da Administração do Ciberespaço da China (CAC).
A exclusão dos aplicativos também ocorreu na Play Store, do Google, ambos pertencentes ao mesmo grupo com sede em Hong Kong. Usuários relataram que os aplicativos foram removidos no fim de semana anterior à confirmação oficial, mas alguns ainda funcionaram em dispositivos onde já estavam instalados. Em adição, uma versão reduzida do Blued permaneceu temporariamente disponível na App Store da China.
Essa não é a primeira vez que o governo chinês toma medidas semelhantes. Em 2022, o Grindr, um aplicativo bastante utilizado por homens gays, foi retirado das plataformas digitais após uma decisão da CAC. A recente remoção gerou reações contundentes entre ativistas e defensores dos direitos LGBTQIA+. O advogado Zhao Hu, que atua em favor da causa, chamou a decisão de “inesperada” e “sem explicação oficial”.
O ativista Hu Zhijun, cofundador da organização PFLAG China, criticou a ação, afirmando que esses aplicativos contribuíam para uma vida mais estável aos homens gays e ajudavam na busca por parceiros em relações íntimas. “Deveriam ser vistos como algo positivo, uma iniciativa socialmente benéfica”, declarou.
A Administração do Ciberespaço da China anunciou, em setembro, uma campanha de dois meses para investigar plataformas que supostamente promovem “uma visão negativa da vida”. Nos últimos anos, a repressão à comunidade LGBTQIA+ tem se intensificado sob o governo de Xi Jinping, caracterizada pelo cancelamento de eventos, censura de publicações e bloqueio de conteúdos relacionados ao tema. O casamento homoafetivo permanece ilegal na China, e a visibilidade pública da comunidade enfrenta crescentes restrições.

