A Ford Motor Company, uma das maiores montadoras do mundo, anunciou uma mudança significativa em sua estratégia global, que inclui uma reestruturação bilionária de US$ 19,5 bilhões. A maior parte desse valor foi registrada no último trimestre do ano passado, conforme comunicado pela empresa na segunda-feira, dia 15.
Essa decisão marca um redirecionamento claro dos investimentos da gigante automotiva. Em vez de focar intensamente nos veículos elétricos (VEs), a Ford agora planeja alocar mais capital para outros segmentos do mercado, buscando onde enxerga maior retorno financeiro e competitivo.
Grandes cortes e novos rumos para a produção
Como parte dessa nova fase, a Ford ajustou seu cronograma de produção e não vai mais tocar em alguns projetos de carros elétricos que estavam no forno. Entre as medidas mais notáveis, a montadora parou a produção da picape F-150 Lightning, que é totalmente elétrica, e cancelou o desenvolvimento de um SUV e um caminhão também elétricos que estavam em andamento.
A nova estratégia de capital da empresa foca agora em impulsionar a produção e o investimento em veículos híbridos e nos modelos tradicionais a gasolina que contam com maior autonomia. A ideia é concentrar os recursos onde a Ford já tem uma grande vantagem e reconhecimento no mercado, como as picapes robustas, as vans comerciais e os SUVs de grande porte.
“A realidade mudou e estamos redirecionando investimentos para áreas com maior retorno”, afirmou Jim Farley, CEO da Ford.
Essa fala do CEO resume bem a visão da empresa: adaptar-se às demandas do mercado e otimizar os investimentos. O encargo financeiro de US$ 19,5 bilhões, por sua vez, reflete essa realidade, mostrando a desvalorização de ativos e a necessidade de reduzir a escala dos planos ambiciosos de eletrificação que a empresa tinha anteriormente.
Fábrica de baterias em Kentucky se transforma
Uma das transformações mais concretas dessa nova estratégia acontecerá na fábrica de baterias para veículos elétricos em Glendale, Kentucky, nos Estados Unidos. A unidade deixará de produzir baterias para carros elétricos e passará por uma reforma de US$ 2 bilhões. O objetivo é transformá-la em uma produtora de células para armazenamento de energia, destinadas à rede elétrica.
Infelizmente, essa transição terá um impacto imediato nos funcionários. Cerca de 1.600 pessoas serão demitidas durante o período da reforma. No entanto, a Ford já planeja uma nova rodada de contratações: a expectativa é que, quando a unidade reabrir em 2027 já sob sua nova função, 2.100 pessoas sejam contratadas para o novo negócio de armazenamento de energia.

