Uma pesquisa internacional divulgada nesta semana revelou que 97% das pessoas não conseguiram identificar composições de música criadas por inteligência artificial (IA) no Brasil e em outros sete países. O estudo, realizado pela Ipsos para a plataforma francesa Deezer entre 6 e 10 de outubro, envolveu 9 mil participantes e testou a habilidade de reconhecer músicas geradas por IA em um teste às cegas.
Os dados da sondagem mostraram que a linha entre a criação humana e a produção algorítmica se torna cada vez mais tênue. Embora 49% dos entrevistados considerem a IA uma ferramenta útil para descobrir novas músicas, um terço acredita que ela pode levar à produção de faixas mais genéricas e de menor qualidade. Além disso, 64% têm preocupações sobre a perda de criatividade no processo musical.
Segundo Alexis Lanternier, CEO da Deezer, os resultados apontam para a importância da transparência ao ouvir música. Ele destacou que os usuários desejam saber quando estão consumindo criações feitas por humanos ou por máquinas. A Deezer se posiciona como a única plataforma que atualmente notifica os ouvintes sobre faixas completamente geradas por IA, uma medida em resposta à demanda do público.
A plataforma reportou que, em janeiro de 2023, apenas 10% das músicas reproduzidas eram criadas por IA, número que saltou para 34% atualmente, representando cerca de 40 mil faixas diariamente. Apesar desse crescimento, as criações algorítmicas ainda correspondem a uma fração das execuções totais.
Casos de repercussão já surgiram nesse contexto. O grupo The Velvet Sundown, uma banda fictícia criada exclusivamente por IA, ganhou popularidade no Spotify com milhões de reproduções antes de sua verdadeira origem ser revelada, gerando críticas sobre a falta de transparência. A partir dessas questões, a plataforma sueca iniciou medidas para incentivar a identificação de músicas que utilizam IA em sua produção.

