Política

Debate sobre jumentos no Nordeste: abandono e revalorização necessárias

No Nordeste, o debate sobre jumentos envolve abandono e revalorização, com dados do Censo Agropecuário apontando queda populacional significativa.
Por Redação
Debate sobre jumentos no Nordeste: abandono e revalorização necessárias

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No Nordeste brasileiro, o debate sobre os jumentos tem se intensificado, especialmente no que diz respeito ao possível abandono e à revalorização dessa espécie. Nos últimos anos, surgiram preocupações sobre a redução de sua população, mas não existem estudos científicos recentes que confirmem essa hipótese com precisão.

Dados do último Censo Agropecuário do IBGE indicam que em 1980 o rebanho de jumentos era de 1.185.183 indivíduos, mas caiu para 654.714 em 2006, uma diminuição superior a 55%, e, em 2017, o número chegou a apenas 376.874 animais, resultando em uma queda total de cerca de 69%. Essas estatísticas indicam que a redução populacional não pode ser atribuída ao consumo da carne, pois o Brasil nunca teve tradição nessa prática, e os números de abate são considerados insignificantemente baixos.

A mecanização do campo e o abandono dos jumentos têm raízes em fatores socioeconômicos e ambientais. A substituição do trabalho animal na agricultura resultou na obsolescência do jumento em muitas atividades, forçando milhares de animais a serem abandonados. Este cenário foi exacerbado pelo êxodo rural e urbanização, resultando em uma população de jumentos que se reproduz sem controle. O quadro de vulnerabilidade é agravado pela escassez de alimento e água, pelo envelhecimento dos rebanhos e pela falta de manejo reprodutivo, além de frequentes acidentes em rodovias.

A atual discussão sobre jumentos deve ser abordada com responsabilidade técnica e cautela, evitando conclusões precipitadas ou narrativas motivadas apenas por emoções. O importante é transformar essa questão de abandono em uma política pública que priorize o manejo sustentável, visando ao bem-estar animal, ao controle populacional e sanitário, à segurança viária e ao desenvolvimento regional. É necessário repensar o papel do jumento na economia e na cultura nordestina, buscando sua revalorização produtiva.