Se você é fã dos celulares chineses por causa do preço camarada, prepare-se para uma notícia que pode mudar o cenário nos próximos anos. Um relatório fresquinho da Counterpoint Research, divulgado nesta semana, indica que a era dos smartphones “baratinhos” pode estar com os dias contados. Até 2026, é bem provável que os modelos de entrada fiquem mais caros ou venham com menos recursos, impactando especialmente marcas como Honor, OPPO e vivo (conhecida como JOVI no Brasil).
A principal razão para essa mudança é o aumento significativo no custo dos componentes, com destaque para a memória dos aparelhos. Esse encarecimento está forçando as fabricantes a repensarem suas estratégias, e quem mais sente o golpe são os modelos mais acessíveis.
O Aumento nos Custos de Componentes
Desde o começo do ano, o custo dos materiais para montar um smartphone já subiu bastante. Nos celulares de entrada, aqueles que custam menos de US$ 200, esse aumento já chegou a algo entre 20% e 30%. E a vilã principal? A memória DRAM, essencial para o funcionamento rápido do aparelho. Mesmo os celulares intermediários e premium também viram seus custos de produção subirem, na faixa de 10% a 15%, mas o peso maior é sentido nos modelos mais básicos.
A previsão é que os preços da memória possam subir até mais 40% até o segundo trimestre de 2026. Se isso se confirmar, o custo de produção dos smartphones pode ficar entre 8% e 15% mais alto do que os patamares já elevados de hoje.
O Impacto nos Celulares "Baratinhos"
O segmento de entrada é o mais vulnerável a essa alta nos preços. Os fabricantes que focam em oferecer o melhor custo-benefício com margens de lucro apertadas estão em uma encruzilhada. Eles podem escolher entre duas opções difíceis:
- Aumentar o preço final: O que faria o celular deixar de ser “baratinho”.
- Reduzir a produção: Diminuindo a oferta de modelos mais acessíveis.
O analista sênior da Counterpoint, Yang Wang, explica bem a situação:
“Em faixas de preço mais baixas, aumentos acentuados não são sustentáveis.”
Menos Opções e Especificações Diferentes
Para o consumidor, essa situação pode significar duas coisas: ou os celulares ficam mais caros, ou eles vêm com menos recursos. As fabricantes já estão correndo atrás de soluções para tentar segurar os preços. Algumas dessas estratégias incluem:
- Reduzir as configurações de memória dos aparelhos.
- Reaproveitar componentes mais antigos em novos modelos.
- Simplificar outras partes do hardware para baratear a produção.
- Diminuir a variedade de modelos disponíveis no mercado, focando apenas nos mais rentáveis.
Shenghao Bai, outro analista sênior da Counterpoint, comenta:
“Outras táticas incluem reutilizar componentes antigos, simplificar o portfólio e incentivar os consumidores a optarem por variantes ‘Pro’ com especificações mais altas, além de adotar novos designs para estimular atualizações.”Ou seja, espere ver menos opções de celulares baratos nas lojas.
Quem Sente Mais o Golpe no Mercado?
O relatório aponta que as fabricantes chinesas como Honor, OPPO e vivo (a JOVI no Brasil) estão entre as mais afetadas. As projeções de vendas para 2026 já foram revisadas para baixo, com a Honor esperando uma retração de 3,4%, e OPPO e vivo (JOVI) com uma queda estimada em 1,2% cada.
Por outro lado, empresas com portfólios mais variados e forte presença no mercado premium, como Apple e Samsung, estão em uma posição um pouco mais confortável para lidar com essa pressão nos custos. Ainda assim, elas também devem sentir o impacto, com projeções de queda de 2,2% para a Apple e 2,1% para a Samsung. O mercado de celulares, sem dúvida, passará por grandes transformações nos próximos anos.

