As ações da Alpargatas (ALPA4), empresa dona da famosa marca Havaianas, registraram uma queda considerável nesta segunda-feira, 22 de janeiro. Por volta das 11h20, os papéis da companhia recuavam 3,07%, sendo negociados a R$ 11,36, um movimento que chamou a atenção no mercado financeiro e reflete a repercussão de um boicote promovido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A mobilização contra a marca de chinelos ganhou força no último domingo, 21, após o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro se manifestar publicamente. Em um vídeo que circulou nas redes sociais, ele aparece jogando um par de chinelos da Havaianas no lixo, incentivando o boicote sob a alegação de que a campanha de fim de ano da empresa carregava uma mensagem política que desagradava o eleitorado de direita.
A Campanha que Virou Polêmica
No centro da controvérsia está uma peça publicitária estrelada pela renomada atriz Fernanda Torres. Na propaganda, a atriz faz uma declaração que foi interpretada de maneiras distintas pelo público e, especialmente, pelos críticos da direita. Fernanda Torres diz que não deseja que as pessoas “comecem o ano com o pé direito”, preferindo que o público inicie 2026 “com os dois pés”.
A intenção da campanha, ao que parece, era incentivar uma postura mais ativa e menos dependente da sorte para o novo ano. No entanto, o trecho específico gerou grande debate e foi interpretado por uma parcela dos usuários nas redes sociais como uma provocação, um ataque velado a crenças e costumes.
Eduardo Bolsonaro, em sua manifestação, chegou a citar nominalmente pessoas condenadas pelos ataques de 8 de Janeiro. Ele acusou a atriz de supostamente defender prisões relacionadas aos atos contra as sedes dos Três Poderes, intensificando o caráter político da crítica à campanha.
Este episódio ilustra como as discussões políticas podem rapidamente migrar das urnas para o ambiente de consumo, influenciando o comportamento dos consumidores e, consequentemente, o desempenho financeiro de grandes empresas. A queda das ações da Alpargatas é um reflexo direto dessa polarização, mostrando o impacto que campanhas de boicote orquestradas em plataformas digitais podem ter no mercado.
A marca Havaianas, conhecida mundialmente, se encontra agora no meio de uma discussão que transcende a moda e o conforto, entrando no terreno minado da política e da interpretação de mensagens publicitárias em um cenário de alta sensibilidade social.

