Os empreendedores negros Paulo Rogério Nunes e Gilson Rodrigues estão em Belém, no Pará, para participar das discussões da COP30, focando em como negócios com alma e a força do black money podem transformar a realidade na Bahia e em outras regiões do Brasil.

Paulo Rogério, fundador da Aceleradora Vale do Dendê, já impulsionou mais de mil empresas e organiza o festival Afrofuturismo, que ocorrerá em dezembro. Ele observa que a cultura negra é fundamental em diversas áreas, como moda e esporte, mas lamenta que o dinheiro gerado nesse setor não circule dentro da comunidade negra. “O potencial de melhorarmos essa narrativa é enorme”, enfatiza.

Na Vale do Dendê, histórias de sucesso, como a das empresas Dendezeiros e AfroSaúde, são frequentes. Recentemente, foi firmada uma parceria com a Unicef para selecionar estudantes da periferia que desenvolverão soluções tecnológicas para problemas climáticos. “Empreendedorismo é cuidar da própria narrativa”, afirma Paulo.

Gilson Rodrigues, articulador do G10 Favelas, também presente em Belém, foca na transformação de narrativas em ações concretas. Ele defende a importância de investimentos em comunidades populares, destacando o potencial econômico de R$ 300 bilhões anuais. Rodrigues sugere que essas comunidades podem se tornar centros de negócios, promovendo uma mudança na percepção sobre suas capacidades econômicas.

O economista Mário Nelson Carvalho, criador do termo afroempreendedorismo, enaltece a articulação e o compartilhamento de experiências entre jovens empreendedores negros, evidenciando eventos como o encontro Vozes do Afroempreendedorismo. “Estamos no caminho certo para fortalecer coletivamente o empreendedorismo na base da pirâmide”, ressalta Carvalho.

Exemplos de sucesso, como a marca Dua, liderada por Camila Oliveira, e a plataforma AfroSaúde, criada por Igor Leo Rocha e Arthur Lima, mostram que inovação, cultura e pertencimento são pilares para o crescimento de novos negócios. Ambas as iniciativas destacam a relevância do acesso a produtos e serviços alinhados às demandas da população negra.

Empreendedores negros discutem black money e iniciativas em Belém durante a COP30