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Mortes de trabalhadores em Salvador não foram por 'pedágio', diz polícia

A Polícia Civil descartou a tese de que mortes de três trabalhadores de internet em Salvador foram por 'pedágio'. Investigação aponta que criminosos os confundiram com rivais.
Por Redação
Mortes de trabalhadores em Salvador não foram por 'pedágio', diz polícia

Trabalhadores mortos -

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A Polícia Civil da Bahia trouxe um esclarecimento importante sobre a morte brutal de três trabalhadores de uma empresa de internet em Salvador. Após uma semana de investigações intensas, a corporação descartou totalmente a tese de que o crime estaria ligado ao não pagamento de um 'pedágio', valor cobrado pelo tráfico para permitir a atuação de serviços em certas áreas da cidade.

As vítimas – Ricardo Antônio da Silva Souza, de 44 anos; Jackson Santos Macedo, de 41 anos; e Patrick Vinícius dos Santos Horta, de 28 anos – foram cruelmente assassinadas no Alto do Cabrito, um bairro de Salvador, na Bahia. O caso chocou a população e ganhou repercussão, levantando inicialmente a suspeita do 'pedágio', uma prática infelizmente conhecida em áreas dominadas pelo tráfico.

Um trágico engano por parte dos criminosos

Durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (22), o delegado-geral da Polícia Civil, André Viana, revelou que a motivação por trás dos assassinatos foi um terrível engano. Segundo as apurações, integrantes da facção Bonde do Maluco (BDM) teriam acreditado que os trabalhadores estavam instalando câmeras para monitorá-los. Eles pensaram que os serviços eram a mando da facção rival, o Comando Vermelho (CV), ou até mesmo das forças de segurança.

Essa confusão levou à autorização dos crimes pelos líderes do BDM, uma facção que atua na região. O diretor-adjunto do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Marcelo Calmon, explicou a dinâmica do ocorrido.

“Houve a alegação de que estariam sendo instaladas câmeras de segurança a mando de outra facção ou até mesmo das forças de segurança pública, o que não se comprovou em nenhum momento. De fato, eles estavam no local com ordem de serviço, e a própria empresa confirmou que a atividade consistia na instalação de cabos de fibra óptica, com o objetivo de aumentar a velocidade da internet naquela comunidade, que carece de muitos serviços básicos”, afirmou Calmon em entrevista.

Na verdade, os três homens estavam realizando um trabalho legítimo de instalação de cabos de fibra óptica, com o objetivo de melhorar a velocidade da internet na comunidade, um serviço básico e essencial.

Prisões e desdobramentos do caso

As investigações rápidas levaram à captura de três pessoas envolvidas no triplo assassinato. Confira o que se sabe sobre cada um:

  • Jonatas Amorim: Teve o mandado de prisão cumprido no bairro de São Marcos, neste domingo (21).
  • Jeferson Caíque Nunes dos Santos, conhecido como “Badalo”: Reagiu à abordagem policial no bairro de Massaranduba e acabou morrendo durante o confronto.
  • Terceiro suspeito: Ainda sem identificação formal, este envolvido se apresentou à polícia nesta segunda-feira (22).

Todos os envolvidos pertencem à facção Bonde do Maluco (BDM), apontada como a responsável por ordenar os assassinatos.

Detalhes do crime brutal

O delegado Marcelo Calmon detalhou que, desde as primeiras horas da terça-feira (16) passada, os trabalhadores estavam sendo vigiados pelos criminosos enquanto realizavam seus serviços nos postes. Os bandidos, desconfiados, gravaram vídeos que, segundo eles, mostravam as vítimas instalando câmeras suspeitas. Esse material foi enviado aos líderes da facção, que então deram a ordem para a execução.

Os trabalhadores foram inicialmente encurralados na região de Marechal Rondon e, em seguida, levados para o Alto do Cabrito, onde foram torturados e mortos. Os corpos foram encontrados na noite de terça-feira (16) com marcas de tiros na cabeça, sinais de tortura e as mãos amarradas, em via pública.

Ao longo da semana de apurações, a polícia também conseguiu localizar a kombi em que os trabalhadores estavam, o carro usado pelos criminosos para transportá-los até o local do crime e o celular de uma das vítimas, elementos importantes para a elucidação do caso.