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Guto Ferreira revela que gordofobia dificultou acertos com clubes

O técnico Guto Ferreira, conhecido como 'Gordiola', desabafa sobre preconceito por sua aparência física e busca um novo projeto na Série A após deixar o Remo.
Por Redação
Guto Ferreira revela que gordofobia dificultou acertos com clubes

Guto Ferreira, ex-técnico do Bahia -

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O técnico Guto Ferreira, uma figura conhecida no futebol brasileiro e ex-treinador do Bahia, abriu o jogo sobre um dos maiores obstáculos em sua carreira: a gordofobia. Mesmo com um currículo recheado de acessos e campanhas sólidas, Guto revela que sua aparência física já foi um fator para clubes desistirem de sua contratação.

Apelidado carinhosamente de "Gordiola" na época em que comandava a Ponte Preta, Guto Ferreira diz que o apelido nunca o ofendeu. Pelo contrário, para ele, a alcunha o humanizou, quebrando uma imagem de treinador rígido e intenso que ele sentia passar à beira do campo.

"Eu acho que, primeiro, não tenho nada a ver com o Guardiola. Já me perguntaram e eu disse: o que deve ser parecido é o branco do olho. Mas sempre falei: só ficaria chateado se usassem o apelido de forma pejorativa. E, graças a Deus, isso nunca aconteceu. Sempre foi carinhoso, até valorizando. O apelido me humanizou", explicou Guto.

Apesar de encarar o apelido com leveza, o preconceito velado com seu peso foi uma realidade dura. Ele contou que, mesmo em momentos de grande fase na Série A, empresários traziam retornos negativos dos bastidores.

"O que posso dizer é assim: tête-à-tête ninguém vai falar isso para você. Mas, em determinados momentos, eu vivia fases espetaculares em clubes da Série A... Os empresários, um dos sócios que vivia no mundo árabe, vinha e falava assim: 'pô, os caras não querem porque você é gordo'", revelou Guto em entrevista.

Para o treinador, que hoje tem 60 anos, essa situação nunca abalou sua confiança profissional. Ele sempre lidou bem com o tema, focando no seu trabalho e nos resultados. Antes do apelido "Gordiola", Guto sentia que a postura intensa na beira do campo, com "caretas e agitação", passava uma imagem de "monstro" ou "bronco".

"Até 2013 ou 2014, se você me visse na beira do campo, acharia que eu era um monstro... Depois que as pessoas me conheciam, viam que eu não era nada disso. Era o momento, a vivência da partida, a tensão. O 'Gordiola' humanizou isso. Então, não tenho nada a reclamar; ao contrário, só agradecer", complementou.

O "Rei do Acesso" busca mais que subir de divisão

Guto Ferreira é conhecido por ser um "Rei do Acesso", com cinco subidas à Série A por diferentes times. Recentemente, ele levou o Remo de volta à elite do futebol brasileiro pela primeira vez em 32 anos. No entanto, mesmo após esse feito em 2025, Guto não permaneceu no clube e não gosta do rótulo.

Para ele, essa "marca" se tornou uma armadilha na carreira, ofuscando sua capacidade de construir projetos duradouros na primeira divisão. Ao longo de mais de duas décadas, Guto comandou cerca de 20 times, conquistando títulos estaduais e regionais, e realizando campanhas consistentes mesmo com orçamentos limitados.

A saída do Remo, aliás, reflete essa busca por estabilidade. A decisão foi motivada pela falta de garantias de continuidade para o projeto na Série A. Guto entende que para ter sucesso na elite, é preciso tempo, paciência e a compreensão de que os resultados nem sempre são imediatos.

Hoje, o objetivo principal de Guto Ferreira é encontrar um novo desafio que lhe ofereça respaldo e a chance de desenvolver um trabalho consistente e de longo prazo na Série A. Ele quer provar que pode ir além do estigma de "especialista em Série B" e dos preconceitos que já enfrentou, mostrando todo o seu valor dentro de campo.