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Filme 'Nouvelle Vague' mergulha na criação de 'Acossado'

O novo filme 'Nouvelle Vague', de Richard Linklater, transporta o público para 1959, revelando a agitada produção do clássico 'Acossado', de Jean-Luc Godard, e a explosão do movimento que revolucionou o cinema.
Por Redação
Filme 'Nouvelle Vague' mergulha na criação de 'Acossado'

O dia em que a Nouvelle Vague ganhou forma no cinema de Richard Linklater -

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Prepare-se para uma viagem no tempo! O ano era 1959, na França, um período efervescente que mudou para sempre a história do cinema. Um novo filme, batizado de Nouvelle Vague e dirigido pelo renomado cineasta norte-americano Richard Linklater (o mesmo de Boyhood – Da Infância à Juventude e da trilogia Antes do Amanhecer), já está em cartaz e nos leva aos bastidores de um dos maiores clássicos: Acossado, de Jean-Luc Godard.

Essa não é uma história qualquer. É a chance de ver de perto como nasceu a obra que catapultou Godard ao estrelato e ajudou a definir o movimento que viria a ser conhecido como Nouvelle Vague – a "Nova Onda" do cinema francês. A produção de Acossado foi um verdadeiro chacoalhão, reverberando não só na França, mas inspirando novas ondas cinematográficas por todo o mundo, inclusive o nosso Cinema Novo brasileiro.

A revolução dos "jovens turcos"

No final dos anos 1950, um grupo de críticos de cinema da revista Cahiers du Cinéma, carinhosamente apelidado de "jovens turcos", estava inquieto. Eles não só criticavam, mas também queriam fazer cinema, aplicando uma linguagem nova e desafiadora, em total oposição à forma tradicional. Nomes como François Truffaut, Jacques Rivette, Claude Chabrol e Éric Rohmer já estavam com seus primeiros filmes prontos ou prestes a serem lançados. Truffaut, por exemplo, levaria Os Incompreendidos para Cannes naquele ano.

Faltava Godard. Foi então que ele decidiu tirar do papel uma ideia antiga que tinha com Truffaut, inspirada na história real de um ladrão de rua. Assim, começaria a ser filmado Acossado, um projeto que tornaria Godard um ícone da vanguarda e da reinvenção da linguagem cinematográfica. O filme de Linklater mergulha nesse momento crucial, mostrando as peripécias, os conflitos e a diversão da equipe durante as filmagens.

Um olhar por trás da câmera de Godard

Richard Linklater, conhecido por seu cinema que lembra a liberdade criativa da Nouvelle Vague, investe com paixão e precisão histórica para recriar um dos episódios mais importantes da sétima arte. Em Nouvelle Vague, acompanhamos Guillaume Marbeck no papel do jovem Godard – sempre com seus óculos escuros inconfundíveis, mesmo à noite – correndo atrás de apoio do produtor Georges de Beauregard (interpretado por Bruno Dreyfürst).

Conseguir um elenco de peso era um dos primeiros desafios. O ator Jean-Paul Belmondo (Aubry Dullin), que já era conhecido, logo se encantou pelo projeto. Já a atriz norte-americana Jean Seberg (Zoey Deutch) precisou de um pouco mais de convencimento. Uma figura essencial foi Raoul Coutard (Matthieu Penchinat), o diretor de fotografia. Ele também foi convencido a embarcar no projeto de um iniciante e se tornou fundamental para dar vida às exigências de Godard, que preferia filmar fora dos estúdios, usando luz natural e uma câmera pequena para mais liberdade de movimento. Essa foi a receita para a famosa "desconstrução narrativa" de Acossado.

A jornada para criar o futuro clássico foi cheia de desafios. Mesmo com o roteiro assinado por Truffaut, Godard reescrevia as cenas dia a dia, decidindo como filmá-las na manhã de cada diária. Ele costumava dizer:

“Quero começar cada dia sem saber o que vou filmar.”

O filme de Linklater, jovial e descontraído, mostra um Godard mais espirituoso do que a fama de pessoa difícil que ele ganharia mais tarde. Vemos seus métodos pouco usuais de dirigir, talvez ainda sem a plena consciência da genialidade do que estava criando. É uma celebração daquele momento e do senso de companheirismo que forjou o projeto.

Deleite cinéfilo e sessões especiais

Nouvelle Vague é um verdadeiro presente para qualquer amante do cinema. O filme ainda traz a clássica tirada de Godard:

“A melhor forma de criticar um filme é fazendo um filme.”

E a boa notícia é que, para quem está em Salvador, na Bahia, o Cinema Glauber Rocha preparou uma programação especial. Além da estreia de Nouvelle Vague, o público terá a oportunidade de assistir ao próprio Acossado em sessões especiais, logo após o filme de Linklater, fazendo uma dobradinha imperdível. É uma chance única de ver o filme que inspirou tudo isso na tela grande!

A programação vai além, exibindo outros marcos da Nouvelle Vague. Não perca a oportunidade de mergulhar nesse universo:

  • Acossado, de Jean-Luc Godard
  • Jules e Jim – Uma Mulher para Dois, de François Truffaut
  • Cléo das 5 às 7, de Agnès Varda

Uma retrospectiva dedicada a Truffaut, promovida pelo Cineclube Glauber Rocha, também tem trazido clássicos como Atirem no Pianista e O Garoto Selvagem. É a chance perfeita para conhecer as histórias por trás dessas obras-primas e ver esses filmes icônicos em cópias de boa qualidade.