A artista franco-camaronense Beya Gille Gacha, que reside há três semanas em Salvador, apresenta sua exposição "O Caminho da Tartaruga", que explora temas como memória, território e ancestralidade. Ao contrário de uma simples exibição, a mostra se configura como um movimento dinâmico, onde a artista se conecta com o seu passado e as tradições de seu povo, os Bamiléké, de Camarões.
Beya compartilha que, ao abrir a porta do Instituto Sacatar todos os dias, encontrava uma tartaruga que, segundo a cultura Bamiléké, simboliza justiça e paciência. Para ela, esses encontros não eram acidentais, mas mensageiros que a guiavam a um destino invisível. A artista observa que essa conexão se traduz em uma reflexão sobre o tempo e a diáspora cultural entre França e Camarões.
Com a tartaruga como metáfora, Beya criou uma obra que celebra a lentidão e a profundidade de sua ancestralidade. Sua exposição, em cartaz na Aliança Francesa de Salvador, é aberta ao público e revela a beleza das miçangas, que cobrem esculturas e refletem uma arte mágica, reconhecida em várias culturas, incluindo a local.
A artista também menciona um paralelo entre as miçangas camaronenses e os colares do candomblé, destacando que a compreensão dessas tradições exige tempo e respeito às sabedorias locais. Ao chegar à Bahia, Beya encontrou elementos de sua cultura nas práticas e símbolos indígenas, reforçando a ideia de que as conexões entre África e América são mais profundas do que se imagina.
Atualmente, Beya Gille Gacha faz parte do projeto Eu Sou Um Oceano Negro, que promove a troca cultural entre França e África na Bahia. Ela acredita que as encruzilhadas encontradas na sua trajetória artística revelam conexões irrefutáveis com maiores significados e ancestralidades.

